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10-01-2007

A pirueta, as fotos, as camisolas


Benfica — OBSC - Antes, durante e depois

A Taça de Portugal é a festa do povo. Nunca o concelho de Oliveira do Bairro se mobilizou tanto em torno do seu clube mais representativo. Cerca de 3.500 bairradinos estiveram no Estádio da Luz, e não foi só do concelho de Oliveira do Bairro.

Também o concelho de Anadia esteve na Catedral, através da Casa do Benfica da Bairrada, que patrocinou a ida do Rancho Folclórico Olhitos da Bairrada. A romaria foi enorme.

Os adeptos que encheram os dezasseis autocarros que saíram de Oliveira do Bairro começaram bem cedo a fazer a festa nas imediações do Estádio Municipal, prolongando-se nas áreas de serviço da A1, no exterior do Estádio da Luz, onde não faltaram o leitão e o bom vinho, estendendo-se ainda às bancadas.

O Oliveira do Bairro perdeu, mas ninguém saiu triste no final da partida com o Benfica.

A pirueta, as fotos, as camisolas

A Taça de Portugal é uma prova, que vai muito além do simples sorteio, mais ainda quando calha em sorte a um clube pequeno um dos chamados grandes do nosso futebol. É a disputa de um jogo. É o mediatismo que é dado aos protagonistas, o ambiente, o antes e o depois que fazem desta prova uma verdadeira festa. Na semana que antecedeu o jogo com o Benfica, rádios, televisões e jornais, invadiram o quotidiano de dirigentes, jogadores, treinadores e adeptos. Depois, arranjar um lugar no autocarro, mais o bilhete, tornou-se num ambiente de perfeita loucura na sede do clube, onde a Comissão Administrativa foi incansável em todos os pormenores.

Na manhã do jogo, por volta das oito e meia da manhã, já com os dezasseis autocarros estacionados no parque do pavilhão municipal, os adeptos começaram a chegar e com uma organização impecável dos dirigentes, cada adepto entrou no respectivo autocarro, onde lhe foi dado o bilhete, um cachecol alusivo ao jogo e um boné.

Ainda não eram nove e meia e os dezasseis autocarros fizeram-se à estrada. A primeira paragem deu-se na área de serviço da A1 de Pombal e Leiria. O preto e branco predominava, mas também o vermelho, porque sendo Oliveira do Bairro maioritariamente adeptos do Benfica.

A próxima paragem foi nas imediações do palco de todos os sonhos. A chegada aconteceu antes da uma da tarde. Depois, foi arranjar um espaço, estender a toalha e tirar o farnel. Muita comida, bebida e muita ilusão na bagagem. A animação foi total, os cânticos desfilaram do parque de estacionamento até às portas do estádio. Os cerca de 3.500 adeptos invadiram o topo norte do estádio, e durante o jogo, num período menos bom do Benfica, com os seus cânticos e tambores, chegaram a calar os 30 mil encarnados, numa assistência que se cifrou nos 34.043 espectadores.

Uma hora antes do jogo, os Olhitos da Bairrada, de Óis do Bairro, subiram ao palco, o que aconteceu também ao intervalo. Um momento cultural único que animou os adeptos do futebol e abrilhantou a Taça de Portugal, a prova popular do nosso país.

A primeira explosão de alegria

Jogar no Estádio da Luz não acontece todos os dias, pelo que António Flávio levou a Lisboa todos os jogadores do plantel. E, como prémio todos eles fizeram o aquecimento, subindo ao relvado às 15.19 horas. Aí deu-se a primeira explosão de alegria dos adeptos do Oliveira do Bairro. As tarjas subiram bem alto, onde se podia ler, “Eles têm o Petit e nós o Boss”; “Veterano é bom só o 10 do OBSC”, claque Super Falcões, entre outros endereços, tal como o da claque dos Diabos Vermelhos, “Que bela novidade, o futebol à tarde”.

O speaker de serviço, a conta gotas, foi gritando para os adeptos do Benfica. Gritem comigo, Benfica, mas do outro lado, Oliveira soou bem forte.

Depois, veio a surpresa do speaker ao anunciar o aniversário de Mário de Jesus, massagista do Oliveira do Bairro, sócio 72.241 do clube da Luz. O público afecto aos encarnados e ao emblema bairradino tributaram-lhe enorme salva de palmas, o que aconteceu de novo no decorrer do jogo, quando Mário de Jesus entrou em campo para prestar assistência a Paulinho.

Minutos antes do jogo, nova explosão de alegria. O voo da águia Vitória, que saudou os mais de 34 mil espectadores presentes no estádio.

No final da partida os aplausos

Chegou então a hora de todas as decisões. As três equipas entraram em fila indiana. Os jogadores do Oliveira do Bairro - que estrearam um equipamento a lembrar o passado, listas pretas e brancas verticais, costas brancas com número e nome, mais do patrocinador, a Labicer, e calções brancos - entregaram um galhardete a cada jogador do Benfica e um quadro com um símbolo do clube ao capitão Simão Sabrosa, retribuindo este, a Tó Miguel, com uma placa alusiva ao jogo.

Mário Júlio foi um dos mais efusivos. Abraçou um a um todos os onze jogadores do Benfica, agradeceu o apoio dos adeptos bairradinos e correu para a baliza, dando uma vistosa pirueta.

Aos 37 anos, quase em final de carreira, a tarde podia ser sua. O árbitro apitou, mas cedo demais a claque bairradina sofreu um balde de água fria com o golo de Katsouranis, golo que dividiu alguns, com o coração dividido, entre Benfica e Oliveira do Bairro.

Mesmo assim, quando a sua equipa passava o meio campo, o nome Oliveira era reforçado, como na grande perdida de Leandro que podia ter dado o empate.

Perto do intervalo, o Benfica marcou mais dois golos. Os adeptos bairradinos esmoreceram um pouco, mas tiveram grande fé em ver a sua equipa marcar um jogo na Luz. Apesar das várias tentativas dos seus ídolos, isso não foi possível, mas foi bonito de ver no final da partida os aplausos, como de resto, todo o Estádio da Luz.

Festa bonita

No final da partida, os jogadores deslocaram-se junto da falange de apoio que veio de todo o concelho de Oliveira do Bairro, e não só. Os adeptos retribuíram efusivamente. Os jogadores sentiram esse calor e ofereceram peças alusivas ao jogo. No regresso a casa, apesar da goleada sofrida, ninguém ficou indiferente ao jogo. Todos, sem excepção, levaram para casa uma recordação, muitas fotos, mesmo muitas, foram tiradas.

Que o digam os jogadores, que aproveitaram o aquecimento, o intervalo e o final do jogo para tirarem fotos com os jogadores do Benfica. A troca de camisolas foi, entre muitos momentos de êxtase, o ponto mais alto.

Na conferência de Imprensa, Tó Miguel, o capitão, apenas lamentou a goleada: “Foi gratificante estar ao lado dos melhores, sentir as dificuldades que sentimos, ouvir todo aquele público. Foi pena sofrermos cinco golos”.

Depois alguém lhe perguntou o que iria contar aos netos daqui por uns anos, recordando o dia memorável que todos passaram: “Já enchi o cartão de fotografias, tenho a camisola do Petit, de toda a alegria de ter aqui estado. Deixámos uma boa imagem do clube e das pessoas de Oliveira do Bairro”.

Os idosos

Na zona mista, Carlos Miguel, um dos mais experientes do Oliveira do Bairro, e que já jogou no Benfica, nos juvenis, no tempo em que Rui Costa era juvenil de 1.º ano, foi um dos mais solicitados pela comunicação social. Sobre o seu regresso à Luz, o camisa 10 disse:“Foi bom, não em termos de resultado. A diferença de valores é enorme, o ritmo também. Mas deixámos uma boa imagem e dignificámos o clube e a região. É verdade, o Rui Costa reconheceu-me e no final deu-me a sua camisola”.

O guarda-redes Mário Júlio, pelas incidências antes da partida, pelo carinho que transmitiu aos adeptos, quiçá que dificilmente, pelos seus 37 anos, terá outra oportunidade de defrontar um grande, diria que jogar contra o Benfica “ultrapassou todas as expectativas. O resultado, sobretudo a goleada, não estava nos nossos horizontes. Facilitámos em dois três golos”.

Questionado sobre a recordação que leva do jogo, Mário Júlio foi rápido na resposta: “A ovação dos cerca de 35 mil adeptos quando voei a um cruzamento de Manu. Arrepiei-me. Depois, fiquei com a camisola do Quim e, através de um colega meu da empresa, onde trabalho, consegui a de Nuno Gomes”.

A recepção

A SAD do Benfica teve um comportamento exemplar para com a Comissão Administrativa do Oliveira do Bairro. No entanto, os dirigentes dos Falcões do Cértima tudo fizeram para merecer os vários elogios, vindos da direcção, liderada por Luís Filipe Vieira. Antes do jogo, na sala VIP do Estádio da Luz, todos os elementos da Comissão Administrativa, mais Mário João Oliveira, presidente da Câmara Municipal de Oliveira do Bairro, e Soares da Costa e Luís Alves, administradores da Labicer, foram brindados com um lauto almoço. O momento foi aproveitado para a Comissão Administrativa do Oliveira do Bairro oferecer à SAD do Benfica várias lembranças da região da Bairrada.

Refira-se que a autarquia foi em peso. Laura Pires e Joaquim Jesus foram nos autocarros, António Mota, de carro particular, e Alberto Ferreira, presidente da Junta de Freguesia de Oliveira do Bairro, de autocarro.

A surpresa

A surpresa veio quando a comitiva, entenda-se equipa, do Oliveira do Bairro entrou no balneário. Ali estavam vários caixotes, contendo equipamento de treino, bolas e chuteiras, conforme o acordado entre os dois clubes.

António Moreira, um dos rostos da Comissão Administrativa do Oliveira do Bairro, diria que “foi uma festa bonita. Penso que honrámos o concelho, e acredito que ninguém sai daqui insatisfeito. Há que saber aceitar a derrota. Todos se divertiram e os jogadores jamais irão esquecer este jogo”.

Rui Cunha, outro dos rostos da Comissão Administrativa, ele que se desdobrou em múltiplas funções, deixou também uma palavra:“Todos os oliveirenses devem sentir-se orgulhosos por este momento”.

Estas palavras foram sentidas no regresso a Oliveira do Bairro. Na única paragem, em Leiria, a reportagem do Jornal da Bairrada pôde testemunhar isso mesmo. Apenas um lamento: o Oliveira do Bairro merecia o golo de honra.

No resto, um dia que ficará nos anais de todos aqueles que estiveram no Estádio da Luz.


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